O Espaço Miguel Torga, em Sabrosa, abre na primavera de 2012, depois de um investimento de três milhões de euros para homenagear um dos mais conhecidos dos escritores transmontanos, anunciou ontem o presidente da autarquia.
O projeto tem a assinatura do arquiteto Souto Moura, vencedor da edição deste ano do Prémio Pritzker. O edifício, construído perto da casa onde nasceu o poeta, é constituído por uma estrutura de betão armado revestido exteriormente a esteios de xisto de Foz Côa.
A obra contou com o apoio pessoal de José Sócrates que, enquanto primeiro-ministro, lançou a primeira pedra a 20 de dezembro de 2008. Inicialmente, a estrutura tinha um plano de prazo de execução de 16 meses.
Neste momento, a empreitada está, segundo o presidente da Câmara de Sabrosa, José Marques, “praticamente concluída”e a autarquia está a “trabalhar no plano de ação e na sua sustentabilidade financeira”.
Ainda sem direção, o programa educativo, cultural e turístico está a ser desenvolvido numa colaboração entre o professor Carlos Mendes de Sousa, da Universidade do Minho, e uma equipa técnica da autarquia.
O autarca referiu que as soluções para a viabilidade do projeto passam por uma “rede de parceiros” nacionais e internacionais, como é caso do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, Brasil.
O escritor, cujo nome de batismo era Adolfo Correia da Rocha, nasceu a 12 de agosto de 1907 em São Martinho de Anta, concelho de Sabrosa, e faleceu a 17 de janeiro de 1995, em Coimbra.
O espaço terá uma exposição permanente com objetos e outras representações do universo torguiano.
Terá ainda uma biblioteca especializada, reunindo as obras de Miguel Torga e de outros escritores ligados à região, quer pelo nascimento, quer pela obra e, no espaço, um bar, livraria, sala de estudo e auditório.
A intenção da autarquia é também estimular o turismo cultural, sendo que, atualmente, centenas de pessoas já se deslocam à região transmontana para ver os locais que serviram de inspiração ao escritor.
A partir deste espaço serão também organizados percursos pelos locais descritos na obra do autor, como a casa onde nasceu, o seu primeiro consultório e o negrilho, localizado no centro da vila, que foi muitas vezes descrito nos seus poemas e curiosamente, segundo diz a população local, secou no mesmo ano da morte de Miguel Torga.