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Está em cartaz no Brasil, Theatro Santa Roza, em João Pessoa, até ao dia 15 de Novembro, o espectáculo Os Sete Mares de António, de Tarcísio Pereira. A peça conta a história da vida e obra do padre António Vieira, escritor sacro-barroco do século XVII que até hoje é uma grande referência da literatura luso-brasileira, em virtude dos célebres Sermões que deixou escritos para a posteridade.
Durante toda a sua vida, o padre António Vieira fez diversas viagens entre Portugal e Brasil. Especialmente nas regiões Norte-Nordeste do Brasil, ele lutou em defesa dos indígenas e contra a escravatura negra, o que o levou a ser perseguido e expulso várias vezes do Brasil. Em Portugal, lutou em favor dos judeus convertidos ao catolicismo, os chamados cristãos-novos, o que também o levou a ser perseguido pelo próprio Clero, sendo denunciado ao Tribunal do Santo Ofício, julgado e condenado ao silêncio.
Tarcísio Pereira, autor e director da peça, explica que escreveu o texto em virtude das comemorações dos 400 anos de nascimento do famoso jesuíta lançadas em 2008 com festividades no Brasil e na Europa. Com esse texto, totalmente escrito em versos, Tarcísio foi finalista do Prémio Luso-Brasileiro de Dramaturgia, promovido no ano passado pela Funarte (Brasil) e Instituto Camões (Portugal). Além de figurar entre os quatro melhores textos brasileiros sobre o padre António Vieira, a peça ganhou o Prémio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2008.
“Portanto, a gente já estreia essa peça carregando dois importantes prémios, e a nossa esperança é que o espectáculo esteja realmente à altura desses prémios e venha agradar ao público”, explica o autor.
Com uma banda sonora original, composta por músicas do maestro e compositor Eli-Eri Moura, o espectáculo tem apenas três actores em cena: Flávio Melo (no papel do padre António Vieira), Sidney Costa (um cantor brasileiro), e Neuri Mossmann (um trovador português). Os dois últimos, com versos em cordel e trovas portuguesas, narram e interpretam dezenas de personagens que passaram pela biografia do pregador. Flávio Melo, além de dialogar com os dois, pronuncia excertos de vários sermões de Vieira.
Segundo Tarcísio, “a ideia foi a de compor uma peça, em versos rimados, dividida em sete quadros. Dizem que o sete é número cabalístico – mas, não por acaso, foi também o número de viagens empreendidas pelo padre António Vieira de Portugal ao Brasil e vice-versa. A peça, assim, está dividida em sete quadros que chamamos de ‘mares’, pois a história se concentra nos acontecimentos das sete viagens feitas por ele. Foi a maneira encontrada para melhor organizar essa biografia em género dramático”.