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Mundialmente conhecido pelo nariz que aumenta quando mente, Pinóquio vai subir ao palco do Teatro Viriato, em Viseu, num espectáculo que mostra que ser desobediente pode ser a melhor forma de crescer.
Com dramaturgia e encenação de Sónia Barbosa, que se baseou no conto original de Carlo Collodi (Florença, 1826-1890), Pinóquio estreia hoje, numa co-produção do Teatro Viriato e da Companhia Paulo Ribeiro.
Assumindo-se como “pró-Pinóquio”, Sónia Barbosa quis desmistificar a ideia de que este boneco de pau é um exemplo negativo do ponto de vista educativo, porque mente e porta-se mal.
“Acho que o Pinóquio pode ser visto de maneira oposta. É um menino muito corajoso, ao ponto de sofrer as consequências. Em vez de fazer o que lhe diz o papá, ficar em casa – portar-se bem e não arriscar nada – é corajoso ao ponto de descobrir pela sua própria vivência o Mundo”, justificou.
Na sua opinião, apesar de as atitudes de Pinóquio fugirem às regras, levam-no a um conhecimento mais profundo e verdadeiro de valores como a honestidade, a perseverança e a amizade.
“No final, quando ele percebe que chegou a altura de ajudar o pai, não é uma coisa postiça, não é porque alguém o obrigou. É ele que sente que tem de fazer isso”, afirmou a encenadora, actriz e professora, que tem dividido o seu trabalho em teatro entre Portugal e Itália.
“Acredito muito que a experiência é a melhor forma de aprender algo”, sublinhou.
Sónia Barbosa considera que este é um espectáculo que pode ensinar muito a miúdos e graúdos através do percurso feito por Pinóquio desde que foi criado por Gepetto até ser um menino de carne e osso, que inclui “momentos um bocadinho assustadores”.
“Pinóquio é um hino à juventude. Ele nasce completamente ingénuo, completamente curioso e ávido de vida, quer ver tudo, quer fazer tudo, acredita em tudo o que lhe dizem, é pureza. E depois vai aprendendo e vai passando por coisas difíceis”, contou.
Deu exemplos de momentos em que Pinóquio sofre, nomeadamente quando “é assaltado pelos ladrões que o querem roubar e o tentam matar”, mas aos quais sobrevive.
“Tem momentos de mais dificuldades que podem mostrar o outro lado do Pinóquio, que é crescer e superar esses obstáculos. É esse o lado que eu acho que pode ser mais interessante para os adultos”, referiu.
Para Sónia Barbosa, o mais difícil foi mesmo chegar ao texto final, atendendo a que o espectáculo também se destina a crianças e que o conto de Collodi é muito longo.
“Cada coisa que cortava dizia: 'ai não, que esta é tão bonita'. Essa foi a parte mais complicada, chegar à dramaturgia final”, contou.
Depois de Viseu, onde ficará em cena até 1 de Fevereiro, Pinóquio ruma para Guimarães e depois para a Guarda, sempre com o objectivo de chegar quer aos alunos das escolas, quer ao público em geral.
O espectáculo estará disponível para itinerância nos meses de Fevereiro e Março.
LUSA