CONTOS POPULARES PORTUGUESES – A CRÍTICA DA BLITZ
É uma alegria que um livro essencial possa custar pouco mais que cinco euros. Aqui se coligem 75 histórias populares que enformam uma boa parte do imaginário português. Muitas das lenga-lengas que as nossas avós contavam, muitos dos nossos adágios, muitos dos nossos aforismos, no fundo muita da nossa moral oral têm a sua génese nestas minúsculas histórias que foram transmitidas ao longo dos séculos em conversas à volta da fogueira. Basicamente, este é o “Era uma vez” português, rural e secular. O livro abre com a História da Canochinha e inclui pérolas como A História do João Mandrião (cuja inteligência e honestidade lhe permitem viver feliz para sempre com a princesa) ou a extraordinária Os Três Estudantes e O Soldado, em que três estudantes enganam um soldado, que posteriormente se apercebe do logro e os engana a eles. Aliás, muitas destas histórias são sobre a linha entre moral e sobrevivência, legitimando a esperteza quando ela é usada para identificar e vencer os desonestos com as suas próprias armas. O que nos diz muito sobre o inconsciente colectivo português.
Crítica a Contos Populares Portugueses, de Adolfo Coelho, publicada na Blitz, a 1 de Julho de 2009.