O tema do realismo e naturalismo na literatura europeia reúne até amanhã, na Universidade de Coimbra, dezenas de especialistas de várias partes do mundo, que dedicarão especial atenção à obra de Eça de Queirós.
O Congresso Internacional "O Século do Romance. Realismo e Naturalismo na Ficção Oitocentista" terá uma sessão suplementar no domingo, na Fundação Eça de Queiroz (Casa de Tormes), em Santa Cruz do Douro, com a conferência do brasileiro Paulo Franchetti "A Cidade e as Serras: tese contra tese".
A Casa de Tormes, onde se instalou a família de Eça após a morte do escritor, é o modelo real da casa descrita no romance A Cidade e as Serras, e os conferencistas vão ter oportunidade de confrontar essas visões na conferência e numa visita guiada.
“Pretende proceder a uma revisitação crítica da ficção europeia de cariz realista, incidindo particularmente sobre a literatura portuguesa, francesa e espanhola”, explicou à Agência Lusa António Apolinário Lourenço, organizador do congresso.
A obra queirosiana “será precisamente aquela que motivará um maior número de comunicações”, com dezassete, referiu, acrescentando que outros escritores marcantes também merecem a atenção dos especialistas presentes, como Émile Zola, Gustav Flaubert, Benito Pérez Galdós, Camilo Castelo Branco, Machado de Assis ou Lev Tolstoi.
António Apolinário Lourenço, professor na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, adiantou que entre os oradores estrangeiros presentes se encontram os franceses Philippe Dufour e Jean-François Botrel, os espanhóis Darío Villanueva (da Real Academia Espanhola), José Manuel González Herrán e Marisa Sotelo Vázquez, e o inglês Simon Dentith.
Entre os portugueses marcam presença os coordenadores das edições críticas de Almeida Garrett e Eça de Queirós, respetivamente Ofélia Paiva Monteiro e Carlos Reis, ambos pertencentes ao Centro de Literatura Portuguesa da Universidade de Coimbra, e a antiga ministra da Cultura Isabel Pires de Lima.
Carlos Reis, centrando-se numa personagem de Os Maias, apresenta a comunicação “Figurações da personagem realista: os bigodes e os rasgos de Tomás de Alenquer”, Ofélia Paiva Monteiro disserta sobre “Realidade” e “arte”: um pintor interroga-se sobre a “representação artística n`A Tragédia da Rua das Flores de Eça de Queirós”, e Isabel Pires de Lima escolheu para tema “Pintar com palavras – Eça, a pintura e a idolatria da forma”.
Os conferencistas são oriundos, nomeadamente, de universidades espanholas (Madrid e Santiago de Compostela), de França (Rennes, Sorbonne, Poitiers), Brasil (Federal do Rio Grande do Norte, Federal do Ceará, São Paulo), bem como das universidades de Massachusetts, Londres, Munique e Budapeste.
O Congresso Internacional “O Século do Romance. Realismo e Naturalismo na Ficção Oitocentista” é organizado pelo Centro de Literatura Portuguesa da Faculdade de Letras de Coimbra e pela Fundação Eça de Queiroz, contando ainda com a colaboração da Sociedad de Literatura Española del Siglo XIX.
No âmbito do congresso, será apresentado um filme de arquivo com uma entrevista à filha de Eça de Queirós, D. Maria.